sábado, 24 de outubro de 2009

A Última Degola

A Última Degola

Foi num baile de formatura na ‘Sociedade Amigos do Cassino’. Mara Lima dançando a valsa com seu pai e ao fazer um revoluteio iluminou os olhos azuis de Rogério. Dançaram, juntos, o resto do baile. Depois da ressaca a realidade. Mara Lima além de burrinha muito feia. No Largo da Catedral Rogério encontrou o Zé Nortense e contou:

-- Eu tenho que me livrar da Mara...É muito feia...Um terror..

. Zé Nortense bateu o pé e protestou:

-- Tu és louco tche!...Ela é filha única...Podre de rica.

-- Zé...Porra...Ela é muito feia.

-- Ora...Toda mulher, um dia, fica feia.

No dia que marcaram o casamento levaram o Rogério para apresentar ao avô de Mara. O coronel Lima cuja a idade perdeu no tempo e antigo líder ‘chimango’. Olhou bem para Rogério e conheceu aquele olhar, perguntou:

-- Qual a sua família ?

-- Sou dos Farias

-- Neto do Gaudencio Farias ?

-- Sim.

Neto de um degolador ‘maragato’. Ora a sua neta casar com o neto de um degolador. Sacudiu a cabeça e ficou calado.

Rogério casou e ganhou o cargo de diretor em uma das fabricas do sogro. Pouco serviço e bastante salário. Passados alguns meses e encontrou o Zé Nortense:

-- Zé ...Tá difícil...Mara é muito feia...É um baita bagulho.

-- Tu és louco? Tens uma fortuna...

-- Mas não tenho mais tesão...Com ela eu não sinto vontade...

-- É fácil...Compra umas revistas de mulheres peladas...Antes de deitar tu olhas as revistas...

Primeiro as revistas depois os filmes de sacanagem e depois nada mais adiantou. Foi na volta de um jantar onde estava a dita alta sociedade que Mara usou palavras da dita baixa sociedade:

-- Rogério ou tu me comes ou eu te meto o pé no rabo.

Separou, perdeu o emprego. Com umas economias começou a trazer contrabando do Paraguai. Botou banca de camelô na Praça Tamandaré. Tudo ia bem até aquela tarde que a morena de olhos verdes, cintura fina, belos seios e bonitas coxas chegou em sua banca e pediu fiado. Fiou e não desconfiou. Ela voltou várias vezes. Emoção, paixão, tesão e pôr fim a união. Lili era o nome da morena. Ele andava a toda tesão. Tomava catuaba, bebia licor de mel e comia ovos de codorna. O Zé Nortense avisou para tomar cuidado. Lili resolveu que não queria ser só de cama, sofá e motel e passou a ajudar. Ele viajava e atendia a banca e ela cuidava do serviço bancário. Até que um dia ela fez um relatório simples:

-- A lista de tuas dividas...Tuas contas nos bancos estão com saldo negativo...Tás cheio de dividas e eu vou embora.

Ela foi e ele ficou sem dinheiro. Calmo e com decisão vestiu a bombacha, calçou as botas, o chapéu de abas largas, lenço colorado no pescoço e faca na cintura. Andou pelo ‘Calçadão da Bacelar’, atravessou a ‘Praça do Mercado’e foi ao mictório. Inclinou a cabeça para a frente, abriu a braguilha , com a mão esquerda segurou a ponta do pênis e puxou para fora, reclamou:

-- Pra Mara Lima, que nos dava dinheiro, tu te encolhias. Pra safada da Lili, que nos tirava o dinheiro, tu tavas sempre duro.

Ligeiro puxou a faca e degolou o pênis.

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