terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pencas no Capão Seco

Pencas do Capão Seco, uma tradição esquecida

(JONAS)

Capão Seco, localidade rural que tinha nas corridas de cavalo em cancha reta aos finais de semana sua prática esportiva de diversão e lazer.

O povo gaúcho trás em sua história uma relação muito forte e latente com o cavalo. Isso hoje também é evidente, em especial com o homem do campo, que utiliza seu fiel e leal amigo, o cavalo, tanto para lidas rurais, com gado e na lavoura, como para transporte ou passeio. Além de representar uma antiga paixão dos gaúchos, através das corridas de cavalo, atividade que constituíra e por vezes ainda constitui, a prática esportiva do homem rural.

Na Região do Capão Seco, uma localidade do distrito de Povo Novo, pertencente ao município de Rio Grande, encontram-se diversas propriedades rurais, onde predominam a pecuária de corte e leite bem como o cultivo de arroz. Atividades as quais movimentam os trabalhadores da região e propiciam o convívio direto do homem com o cavalo.

Esta localidade manteve ao longo de muitos anos uma forte tradição tanto na organização como na participação de corridas de cavalos em canchas retas. Possuindo canchas, jóqueis, apostadores, e donos de cavalos “parelheiros” (animal rápido e veloz, destinado exclusivamente ou preferencialmente às corridas), que a cada final de semana travavam disputas emocionantes tanto na cancha reta, como na zona de “arremates”, onde eram realizadas as apostas. Porém a última “penca” (nomenclatura local utilizada para designar as corridas de cavalo em canchas retas) foi corrida no ano de 2002. Cinco animais integraram a competição que contou com bom público espectador, conforme nos conta um dos integrantes do extinto piquete local, o qual organizara a disputa. Desde então, a prática aparentemente foi deixada de lado, não ocorrendo mais nenhum evento semelhante nesta localidade.

Buscando levantar hipóteses e razões para este repentino fim das carreiras de cavalo, podemos citar: a diminuição do número de moradores da localidade e o envelhecimento dos que ali permaneceram residindo; o maior acesso à energia elétrica que permitiu ampliação na utilização de meios de comunicação e entretenimento modernos, tais como televisão, DVD e internet, servindo como lazer e passatempo; a maior facilidade de locomoção dos moradores, com melhorias no transporte rodoviário e por vezes a aquisição de automóvel próprio, fazendo com que busquem divertimento fora da localidade. Fatores estes podem contribuir para um esvaziamento do local aos finais de semana e levar a certo desinteresse em práticas esportivas e de lazer externos, como as “pencas”.

Como alguns anos se passaram desde a última “penca” ocorrida, o cenário da localidade gradativamente está sendo alterado. Houve a expansão do colégio Alcides Maia, que passou a ter ensino fundamental completo, fazendo com que crianças e adolescentes tanto da localidade como de regiões vizinhas se dirijam ao local todos os dias da semana, movimentando o povoado. Provavelmente este, entre outros motivos, levou a um aumento do número de crianças e jovens moradores da localidade, os quais parecem demonstrar interesse pelo resgate da cultura rural sul rio-grandense. Tais fatores deixam no ar a esperança do possível retorno das corridas de canchas retas, as famosas “pencas”, à localidade do Capão Seco.

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