domingo, 16 de fevereiro de 2014

Trinta mil ovos de tartarugas foram apreendidos no Capão Seco
Criação ilegal foi denunciada à Polícia Ambiental

Cada caixa tem capacidade para até 50 ovos

Seis canteiros de ovos de tartaruga da espécia tigre-d'água foram descobertos pela Polícia Ambiental, na localidade de Capão Seco (Saída 52), em meio ao mato. Cada um dos canteiros tem aproximadamente 100 caixas com 50 ovos cada uma, uma média de cinco mil ovos em cada canteiro, o que dá 30 mil ovos, segundo informações do comandante da Polícia Ambiental, coronel Ângelo Silva. Alguns dos ovos já havia eclodido e as pequenas tartarugas estavam nos canteiros, onde elas aguentariam até sete dias, sem comida e água. A polícia vai investigar de quem é a área onde estão os canteiros.
Os canteiros são feitos de barro e os ovos colocados dentro de um pequeno retângulo feito com uma espécie de fôrma, as chamadas caixas, tampadas com uma tábua. Em volta delas há barro em quantidade suficiente para que mantenham a temperatura e a umidade. E em torno de todo o canteiro, uma tela, para evitar que os predadores comam os ovos.
A polícia chegou ao local através de denúncias, mas o lugar já é conhecido, pois em outra ocasião já foram encontrados canteiros de tartarugas. "Estamos sempre monitorando a área, porque este local é há mais de 100 anos usado para a criação de tartarugas em cativeiro", ressalta o comandante da Polícia Ambiental. As tartarugas saem do canal São Gonçalo para desovar próximo às margens. Os "criadores" identificam os ninhos, fazem a coleta e conduzem aos chamados canteiros.
O coronel enfatizou ainda que há informações de que algumas tartarugas já foram vendidas. "Aqui nesta região, cada uma destas tartaruga vale apenas R$ 5,00. Mas em outras partes do País, chegam a R$ 160,00". O coronel Ângelo solicita ainda que a comunidade denuncie quando souber de alguém que esteja comercializando tartarugas. "Não se deve incentivar esta prática, pois há um grande impacto ambiental. De 10 tartarugas, oito morrem durante o transporte", explica.
Segundo a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, é proibido e a pena é detenção de seis meses a um ano, e multa administrativa.
A tartaruga-tigre-d'água (Trachemys dorbigni) é uma espécie aquática e onívora, que vive em zonas de pântanos, banhados, lagos, riachos e rios do estado brasileiro do Rio Grande do Sul, onde habita principalmente a região da Lagoa dos Patos e o Banhado do Taim. Podem viver até 100 anos e são, por diversas vezes, ilegalmente comercializadas como animal de estimação. Esta espécie, bem como a subespécie norte-americana Trachemys scripta elegans, começam a aparecer em lugares fora do seu habitat natural, como o Lago Paranoá em Brasília, possivelmente, oriundas de abandono dos donos.
As tartarugas e os ovos foram encaminhados para o Núcleo de Reabilitação de Fauna Silvestre, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), onde deverão permanecer por cerca de 10 dias. Após, serão soltas em seu habitat.
Por Anete Poll
anete@jornalagora.com.br





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